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Nematóides: Guia definitivo para proteger sua lavoura

Atualizado: 25 de jul. de 2023

Os nematóides são organismos capazes de afetar drasticamente o desenvolvimento de diversas culturas, resultando em perdas consideráveis para o setor agrícola. Como vivem no solo, sua incidência assusta produtores, pois não conseguem observar o início da infestação, nem a chegada da praga no campo. No entanto, com os manejos corretos é possível mitigar e evitar o problema. Neste artigo vamos mostrar quais são as principais características dos nematóides e de sua infestação, para que sua lavoura fique bem protegida.


1.O que são Nematóides?

São vermes que possuem o corpo cilíndrico, alongado e com extremidades afiladas, que vivem na rizosfera (Região de contato entre o solo e as raízes da planta). Possuem um tamanho bastante variado, que varia de 0,3 a três milímetros de comprimento. Se adaptam bem em vários ambientes que apresentem disponibilidade de água e temperaturas amenas (em média 28 ºC). Comprometem o sistema de absorção de água e nutrientes da planta atacada, que passa apresentar dificuldade para retirar água e demais nutrientes do solo.

Infestam diversos cultivos agrícolas como algodão, cana-de-açúcar, milho, feijão, girassol, dentre outras, só na soja são mais de 100 espécies parasitas, e seu controle tem se tornado um desafio no sistema de manejo em diversas regiões do país. São consideradas pragas invisíveis, por serem microscópicos e viverem apenas abaixo do solo. Por essa característica, seu manejo tem causado preocupação pelos produtores em diversos cultivos agrícolas.


2.Como identificar

Como os nematóides são de difícil detecção visual, o primeiro sintoma característico da infestação é a detecção de reboleiras, que são “falhas” no cultivo que se caracterizam pelo baixo vigor das plantas; pouco desenvolvimento vegetativo da parte aérea; plantas cloróticas e redução da produtividade. Isso ocorre, pois, os nematóides não ficam distribuídos de forma uniforme no solo e seu ataque ocorre em regiões específicas onde estão se reproduzindo e colonizando, são pouco móveis no cultivo. Por afetarem diretamente as raízes, seus sintomas podem ser muitas vezes confundidos com deficiência nutricional, entretanto, é preciso fazer uma análise mais aprofundada da área afetada para detectar a presença ou não de nematóides.


3. Principais espécies

Os sintomas são praticamente os mesmos para todas as espécies. No entanto, com uma análise detalhada das raízes é possível identificar o dano realizado por cada espécie.  Os nematóides de maior ocorrência entre os cultivos estão descritos a seguir:

Meloidogyne incógnita e M. javanica (nematóide das galhas) – São as espécies mais conhecidas, sua principal característica é a formação de galhas nas raízes, que se assemelham a “tumores” nas raízes causadas diretamente pela infecção do verme. O transporte de água e nutrientes é diretamente afetado nesse caso.

Meloidogyne incógnita e M. javanica (nematóide das galhas)

Heterodera glycines (nematóide de cistos) – Os sintomas principais estão associados ao estresse e deficiências nutricionais, por as fêmeas do verme se alimentam diretamente das raízes. É muito comum do cultivo da soja, deixando a planta com aspecto clorótico e atrofiado. Podem ser observados nas raízes, por pontos de coloração branca e amarelada.

Heterodera glycines (nematóide de cistos)

Pratylenchus brachyurus (lesões radiculares) – presente em gramíneas e leguminosas, quando a planta é atacada apresenta a característica de raízes finas e escurecidas.

Pratylenchus brachyurus (lesões radiculares)

Rotylenchulus reniformis (reniforme) – Sua infecção deixa as raízes com aspecto “fraco” e sua característica principal é a formação de massa de ovos nas raízes mais finas.

Rotylenchulus reniformis (reniforme)

4. Como prevenir infestações

Os nematóides são disseminados nos cultivos principalmente através dos manejos intensivos realizados na lavoura. Por isso, a melhor forma de prevenir ou evitar a disseminação dos vermes é tomando alguns cuidados específicos durante os tratos culturais.

Manter o maquinário limpo é uma das principais medidas de prevenção, é recomendado que os implementos sejam lavados com jatos de água (se possível de alta pressão) ao saírem de uma área contaminada para uma área sem presença da praga. Neste caso, todos os implementos devem ser lavados, mas a atenção deve ser redobrada para aqueles que entram em contato direto com o solo.

O mesmo procedimento de higienização deve ser realizado para o maquinário alugado, assim se evita que nematóides migrem entre áreas e causem novos focos de infecção. Outro ponto importante é destinar para um lugar seguro (que evite focos de infestação) a água residual da lavagem e manter a limpeza das botas do operador das máquinas, que também pode atuar como disseminador da praga.

Outros manejos que devem ser adotados para prevenção são: rotação de culturas com espécies vegetais não hospedeiras; tratamento de sementes, assim se evita a infecção das plântulas nos primeiros dias e permite o desenvolvimento do sistema radicular; utilize cultivares resistentes.


5. Como monitorar sua incidência

Além de monitorar a ocorrência dos sintomas específicos do ataque de nematóides, uma importante forma de monitoramento é através da análise de solo. Esta deve ser realizada principalmente em áreas que já apresentem histórico de infestação. Como os nematóides são pragas que ocorrem no solo, não é possível saber sua incidência prévia sem uma adequada análise do solo. A prioridade de análise é para as áreas na lavoura que já apresentaram o sintoma de reboleiras.

Também é recomendado realizar a coleta de amostras de solo dividindo a área em quadrantes de 2 a 10 hectares, em no mínimo 5 quadrantes. Para fazer a retirada da amostra, o solo deve ser aberto em forma de V, com 25 a 30 cm de profundidade, guardados em sacos plásticos com 200 g de solo e 50 g de raízes e enviados para laboratório especializado. É importante retirar parte das raízes, pois os nematóides ficam fixados nelas. O momento ideal para coleta é na floração. As amostras não devem demorar muito para serem analisadas, para que o material não seja perdido ou contaminado. Deve-se armazenar em temperatura de 10 °C por até 15 dias.


6. Alternativas de controle

O controle químico via terrestre é indicado, no entanto, seu uso nem sempre traz resultados efetivos, por muitas vezes não atingir os nematóides que estão abaixo do solo. O uso de ferramentas de controle biológico tem se mostrado bastante efetiva, os principais agentes de controle seguem abaixo:

Pochonia chlamydosporia: fungo que parasita e mata ovos e fêmeas. Pulverizado diretamente sobre o cultivo  ou jato dirigido sobre o solo.

Paecilomuces lilacinus: fungo parasita de ovos, afeta a capacidade reprodutiva dos nematoides. Sua aplicação é feita por pó molhável diretamente no solo, via pulverizador costal ou barra.

Trichoderma harzianum: fungo capaz de combater o nematoide das lesões, e diminuir sua infestação e danos na planta. Deve ser pulverizado no sulco do plantio no momento da instalação da cultura.

Bacillus amiloliquefaciens: bactéria utilizada no tratamento de sementes que evita que o nematóide reconheça as raízes. Aplicado em calda, diretamente nas sementes.

 

Os nematóides apesar de serem “pragas invisíveis” podem ser controlados de forma eficiente na lavoura através do conhecimento da dinâmica das espécies, monitoramento e uso de ferramentas de controle efetivos. Fique de olho no seu solo e mantenha a sanidade de sua lavoura.

 

Imagem capa: Plantas de soja afetadas pelo Nematoide do Cisto da Soja têm porte reduzido e manchas amarelas. C. Grau.

Plantas de soja afetadas pelo Nematoide do Cisto da Soja
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