A batata Solanum tuberosum L.(Solanaceae) caracteriza-se por ser uma das mais importantes fontes de alimento para o mundo. No Brasil é a principal cultura olerícola, responsável pela maior área cultivada e preferência alimentar, com aproximadamente 130 mil hectares plantados e uma produção de cerca de três milhões de toneladas, com produtividade média em torno de 30t/ha.
Diversos fatores contribuem para a produtividade da batata, porém, a incidência de algumas pragas pode ocasionar prejuízos a produtividade. Além de causarem danos associados ao seu hábito e tipo de aparelho bucal são agentes disseminadores de patógenos, por romper a epiderme, expondo os tecidos internos ao ataque. Em insetos com aparelho bucal mastigador (lagartas e besouros) os danos são mais evidentes, sendo gerados pelas mandíbulas. Já para insetos com aparelho bucal sugador-picador (pulgões e percevejos) os estragos são menos evidentes, ficando expostos apenas pontos necrosados.
Principais pragas
Algumas pragas provocam maiores danos à estrutura da planta, abaixo estão listadas as oito principais pragas que atacam a cultura da batata.
Traça
A traça [Phthorimaea operculella (Zeller) (Lepidoptera: Gelechiidae)] ataca folhas e tubérculos, tem como característica a abertura de galerias, além de seus danos (se presentes no tubérculo) continuarem após a colheita. É mais frequente e abundante, em lavouras cultivadas no outono. Em determinadas regiões do Brasil, durante a safra, chega a causar desfolhamento total quando não controlada a tempo.
Controle – pulverização.
Lagarta-rosca
A lagarta-rosca [Agrotis ípsilon (Hufnagel) (Lepidoptera: Nuctuidae)], em grandes infestações, chega a danificar os tubérculos. As lagartas em primeiro instar começam suas atividades raspando o tecido foliar. Posteriormente, migram ao solo, onde se enterram, saindo somente à noite para se alimentar. Nesse estágio seccionam a haste afetando drasticamente a produtividade.
O ataque da lagarta-rosca causa maiores danos em lavouras de pequeno porte (menos de dois hectares), beira de capoeiras e principalmente em áreas com ocorrência de plantas daninhas como erva de bicho e língua de vaca (Polygonaceae), hospedeiros principais dessa lagarta. Quando essas plantas florescem as lagartas abandonam estes hospedeiros, passando a atacar as plantas cultivadas. Em áreas de ocorrência dessas plantas, o ataque é frequente e, se não controladas a tempo, podem seccionar hastes, atrasando o desenvolvimento da cultura e reduzindo a produtividade. É mais frequente em lavouras de primavera.
Controle – Pulverização.
Mosca-minadora
Os danos da mosca-minadora [Liriomyza huidobrensis (Diptera: Agromyzidae)] são causados por larvas que abrem minas no interior do parênquima foliar e se alimentam dos tecidos. Destroem parcialmente ou totalmente a folha, provocando seu secamento. Em ataques muito intensos tende a prejudicar o desenvolvimento da cultura. O dano da mosca-minadora reduz a área fotossintética da planta e a predispõe a doenças fúngicas, além de reduzir peso e tamanho de tubérculos.
A mosca-minadora é de ocorrência mais frequente no período de outono, visto que ataca várias espécies de solanáceas silvestres e, nesta época, geralmente, há uma população local elevada, fazendo com que os adultos migrem para as áreas cultivadas procurando novas plantas para a oviposição.
Controle – Pulverização.
Larva-alfinete
A larva-alfinete (larva)/vaquinha Diabrotica speciosa (Germar) (Coleoptera: Chrysomelidae)] caracteriza-se por ser uma das principais pragas da cultura. Trata-se de espécie polífaga, que danifica a parte aérea (adulto) e tubérculos (larva). Os adultos não chegam a provocar danos significativos, pois se alimentam de folíolos. Já as larvas afetam diretamente o produto, reduzindo o valor comercial.
A incidência da larva-alfinete é maior nas lavouras de primavera. As fêmeas fazem posturas agregadas (até 30 ovos) na base da haste, ocasionando alta infestação em raízes e tubérculos. A presença superior a três galerias/tubérculo (equivalente a três larvas com galerias subsuperficiais de 3cm a 4cm de comprimento) reduz em mais de 30% o volume aproveitável do tubérculo.
Controle – Preventivo, tratamento de tubérculos.
Pulgões
Os pulgões [Macrosiphum euphorbiae (Thomas) e Myzuspersicae (Sulzer) (Hemiptera: Aphididae)] provocam danos que se relacionam com a sucção de seiva, associada à injeção de saliva “tóxica” (presença de vírus como o Y (PVY), mosaico A (mosaico leve), vírus de enrolamento das folhas ou degenerescência da batata-semente). Entretanto, as perdas diretas ocorrem somente quando a população da praga é elevada. O controle químico é preconizado quando o monitoramento constatar cerca de 10% das plantas examinadas com ataque do pulgão.
Controle – Pulverização.
Vaquinha-da-batatinha
A vaquinha-da-batatinha [Epicauta atomaria(Germar) (Coleoptera: Meloidae)] alimenta-se de folhas, deixando apenas as nervuras. Quando a população é grande pode causar desfolha total.
A vaquinha-da-batatinha apresenta somente uma geração anual, com o surgimento dos adultos no início do verão. Como consequência, o ataque em lavouras de batata ocorre na safra do outono. A incidência é localizada, ou seja, a população de um local se reúne e invade uma lavoura e vai desfolhando tudo o que encontra pela frente. Pode permanecer por algumas horas ou estender-se até dois dias na área atacada. Depois, migra voando para outro local. Devido a essa forma de ocorrência, o monitoramento dessas pragas nas regiões onde é frequente deve ser diário, pois quando se constatar a ocorrência, o controle curativo (químico) necessita ser imediato.
Controle – Pulverização.
Verme-arame
O verme-arame [Heteroderes spp. (Coleoptera: Elateridae)] se alimenta de raízes e tubérculos. Na região Sul do Brasil predominam as espécies do gênero Heteroderes e em outras regiões são citadas as pertencentes ao gênero Conoderus.
Estas larvas abrem galerias em tubérculos, com dois ou três milímetros de espessura e até cinco centímetros de comprimento. À medida que vão se desenvolvendo, expelem seus excrementos dentro das galerias, o que provoca o apodrecimento do tubérculo. O ataque no início da formação do tubérculo pode gerar perdas de produção superiores a 50%. Sua maior incidência tem sido constatada em lavouras de 2ª a 4ª safra, plantadas no mesmo local.
Controle – Preventivo, tratamento de tubérculos.
Corós
O cultivo da batata em solos de altitude (acima de 400m) nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul tem apresentado, de forma esporádica e localizada, a presença de corós ou bicho-bolo atacando a lavoura de batata, durante todo o ciclo, especialmente na safra de primeiro ano sobre campo nativo ou de pastagem. As larvas (única fase danosa) fazem furos de até 8mm de diâmetro nos tubérculos. O tubérculo atacado não serve para a comercialização e é descartado na lavagem.
Controle – Preventivo, tratamento de tubérculos.
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Fonte: Adaptado de Grupo Cultivar
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