Pelo terceiro ano consecutivo, a Campanha Plante Seu Futuro, que adota o Manejo Integrado de Pragas para reduzir o uso de defensivos nas lavouras, consegue uma economia aproximada de 50% no uso de defensivos O desafio da campanha é implementar sua divulgação para o conjunto dos produtores do Estado, disse o secretário Norberto Ortigara. “Já vimos que a adoção das boas práticas agrícolas oferece resultados rentáveis e animadores para os produtores. Agora é preciso convencê-los que esse é o caminho a ser percorrido para tornar a agricultura paranaense rentável e sustentável”, afirmou.
RACIONAL E BIOLÓGICO
Segundo Ortigara, muitos agricultores são resistentes e estão acostumados a comprar pacotes tecnológicos, quando deviam optar por um meio racional e biológico para o controle de pragas e doenças. O secretário voltou a afirmar que não se trata de não colocar nenhum produto químico na lavoura. “Mas colocar somente quando necessário e quando for comprovado realmente o risco de pragas e doenças”.
Ortigara apelou ao setor privado a contribuir com essa estratégia do poder público de incentivar o uso reduzido de produtos químicos sobre as lavouras, sem deixar de buscar resultados rentáveis economicamente. O importante é que tenham equipes técnicas para orientar o produtor sobre o melhor momento de entrar com produtos químicos nas lavouras, acrescentou Ortiagara.
PROPRIEDADES
As ações da Campanha Plante Seu Futuro vêm sendo executadas, em caráter demonstrativo, em** 123 propriedades do Paraná**, caracterizadas como Unidades de Referência, onde se avalia o impacto da utilização do Manejo Integrado de Pragas, um conjunto de tecnologias para controle de pragas e doenças sobre as lavouras.
Essas ações são conduzidas em parceria pela Emater e Embrapa, que ajudam o produtor a adotar tecnologia de manejo que busca manter o ecossistema da soja, o mais próximo possível do equilíbrio. Trata-se de um manejo que colabora com a sustentabilidade da lavoura e a preservação do meio ambiente no longo prazo, evitando o uso abusivo de inseticidas.
Segundo o pesquisador da Embrapa Soja, Osmar Comte, o “MIP” promove o controle racional das pragas, por meio da associação de diferentes táticas como o uso de cultivares mais resistentes às pragas de controle biológico, prioridade a agrotóxicos mais seletivos aos insetos, que sejam mais seguros ao homem e ao meio ambiente e uso somente quando necessário.
RESULTADOS
O número médio de aplicações de defensivos nas Unidades de Referência que utilizaram o MIP no Paraná, na safra 2015/16, foi de 2,1 aplicações durante todo o ciclo vegetativo, enquanto a média estadual foi de 4,5 aplicações entre os produtores que não utilizam a tecnologia. Isso mostra que a redução na aplicação de defensivos foi superior a 55% nas áreas que adotam o MIP.
Na avaliação por evento tecnológico, com variedades transgênicas RR ou RR + Bt, o número médio de aplicações nas áreas monitoradas que utilizaram Bt foi de 1,9 pulverizações. E nas áreas comerciais, que utilizam a tecnologia Bt, o número de aplicações de inseticidas dobra para 3,8 vezes.
Um bom indicador da campanha relativa à safra 2015/16 foi o tempo decorrido até a primeira intervenção com defensivos para o controle de pragas, que se deu aos 67 dias nas áreas monitoradas. Já nas áreas comerciais, não monitoradas, a entrada da primeira intervenção ocorreu aos 36 dias.
O impacto da campanha foi positivo também em rentabilidade e produtividade. Nas áreas de manejo, nas Unidades de Referência, o custo da lavoura de soja foi avaliado em duas sacas por hectare e produtividade de 57,1 sacas por hectare. Nas propriedades normais, a média de custo da lavoura, no Estado, foi de quatro sacas por hectare e produtividade de 55 sacas por hectare, o que comprova que o Manejo Integrado de Pragas não reduz produtividade e ainda promove ganho em rentabilidade, disse o técnico da Emater Fernando Teixeira de Oliveira, que apresentou os resultados.
RECONHECIMENTO
A FAO, órgão das Nações Unidas para Alimentação, reconheceu o esforço do governo do Paraná em promover boas práticas agrícolas para o desenvolvimento sustentável e inseriu esse trabalho em sua plataforma eletrônica, onde apresenta essas recomendações para o mundo. “Podemos ajudar na divulgação desse trabalho na plataforma da FAO, que tem penetração mundial”, disse Biasi. A FAO emitiu certificado de reconhecimento aos técnicos que se empenharam na avaliação e elaboração da publicação.
A adoção do Manejo Integrado de Pragas (MIP), preconizada pela Campanha Plante Seu Futuro, é dirigida a todos os produtores do Paraná. Inclusive aos grandes, que normalmente estão acostumados a comprar os pacotes tecnológicos recomendados.
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