Ao longo dos anos, tem-se registrado o aumento da procura por fontes de proteínas vegetais, principalmente pela tendência mundial de redução do consumo de carne. Recentemente a União Europeia lançou uma proposta para o aumento do preço da carne em todos os países do bloco, a fim de que, a população opte por consumir maior quantidade de alimentos de origem vegetal. Uma pesquisa realizada pelo IBOPE (2019) mostrou que 14% da população brasileira se declara vegetariana.
Estes dados mostram que o mercado consumidor está mudando, e a necessidade de produção de alimentos vegetais é, cada vez mais, uma necessidade deste novo cenário.
Por isso, produções alternativas de grãos são uma ótima opção para o produtor rural. O grão-de-bico (Cicer arietinum L.) é um alimento rico em proteínas, que está em expansão no Brasil. Seu cultivo se adequa bem às condições edafoclimáticas de diversas regiões do país, incluindo o cerrado, onde se encontram os maiores produtores. Segundo dados da Embrapa em 2019, a área produzida desta cultura no Brasil já passava dos 12 mil hectares.
Mesmo assim, a produção atual do país não é suficiente para atender o mercado interno, sendo que o alimento é também importado de países como México, Chile e Argentina.
Ou seja, existe um grande mercado consumidor a ser explorado no Brasil com este cultivo.
Por isso, neste artigo reunimos as principais dúvidas sobre cultivo de grão-de-bico e mostramos por que a cultura é uma excelente alternativa de segunda safra.
Quais as principais características do grão-de-bico?
O cultivo de grão-de-bico tem ciclo anual, a planta é herbácea e bastante rústica, apresenta folhas verde-amareladas, flores brancas e pode chegar até 60 cm de altura. Exige pouca adubação e pouco aporte de água durante seu ciclo, mas, se adapta bem em períodos chuvosos, quando estes ocorrem no início do ciclo. Situa-se em quinto lugar na lista das leguminosas mais cultivadas no mundo, atrás apenas da soja, amendoim, feijão e ervilha.
Qual sua composição química?
Os grãos apresentam cerca de 90% de proteína de alto valor nutritivo, entretanto, não é um alimento rico em aminoácido. Os carboidratos totais variam entre 50 a 70%, sendo o amido o principal componente. Também é rico em sais minerais, vitaminas do complexo B e apresenta grande quantidade de celulose na casca.
Qual sua origem?
A planta tem origem nas regiões frias da Ásia e mais de 90% da sua produção mundial está concentrada no continente asiático. Foi introduzida no Brasil por imigrantes no Oriente Médio e é bastante adaptada à região sul. No entanto, já existem no país cultivares bastante adaptadas às regiões de clima quente, como é o caso da BRS Cícero, que apresenta rendimento de produção de até 2700 kg/ha. Além disso, o Brasil conta com outras 4 cultivares registradas: IAC Marrocos, BRS Toro, BRS Kalifa, BRS Cristalino e a BRS Aleppo (Mapa – Registro Nacional de Cultivares,2019).
Qual o melhor tipo de solo e adubação?
A planta se desenvolve melhor em solos com textura sílico-argilosa, ricos em nutrientes e abundância de matéria orgânica. Não tolera solos encharcados e com alta salinidade. O pH ideal varia entre neutro e alcalino (6 a 9). O manejo de solo, deve ser realizado semelhante ao do milho, com semeadura em linhas e espaçamentos de 40 cm, e 15 cm entre as plantas. Recomenda-se a aplicação de 300 kg/ha da fórmula 4-20-20 e 30kg/ha de nitrogênio entre 30 e 40 dias após a emergência. No entanto, é sempre importante realizar a análise de solo para avaliar qual a real necessidade de adubação do cultivo.
Quais as melhores condições climáticas para o cultivo?
Como já mencionado, o grão-de-bico se adapta bem a diferentes regiões produtoras, dependendo da cultivar utilizada. De forma geral, prefere clima seco e ameno, podendo ser cultivado no final do verão e início do inverno em regiões tropicais. Os intervalos ideais de temperatura para a produção ficam entre 25 a 30 °C, e a temperatura ótima de germinação fica entre 20 e 30°C.
Preciso fazer tratamento de sementes?
Sim, o ideal é tratar as sementes com fungicidas à base de iprodione, thiram, captan, carboxin ou tiabendazol, na proporção de 3g ou 3 ml de produto para cada quilo de semente.
Como realizar a semeadura?
Deve ser utilizada, preferencialmente, semeadoras de rotor vertical, pois minimizam os danos e possíveis estragos nas sementes. A profundidade de semeadura deve ser entre 5 cm e o espaçamento de em média 50 cm entre linhas, com 10 a 12 plantas por metro linear. A população ideal de plantas fica entre 200.000 a 240.000 plantas/ha. As plântulas emergem entre cinco e seis dias após a semeadura.
Quais as principais pragas e doenças?
O grão-de-bico é uma planta bastante sensível a competição, por isso, deve-se manter o campo limpo de plantas invasoras nos primeiros 40 dias do cultivo. O método químico é o mais recomendado para este tipo de controle.
A principal doença associada ao cultivo é a podridão do colo e da raiz causada pelos fungos Fusarium solani, Fusarium sonali e Sclerotium rolfsii.
O inseto praga mais importante do cultivo é a lagarta Heliothis virescens, que causa danos diretos as flores, vagens e grãos. Também apresentam importância econômica os carunchos (Coleoptera) e as traças (Lepidoptera), que atacam os grãos e as sementes quando armazenados.
Como realizar a colheita?
A colheita do grão-de-bico ocorre em média 60 a 70 dias após a floração. Deve ser realizada com umidade não muito alta (23-37%), quando as plantas estiverem secas e os grãos completamente maduros. A colheita pode ser mecânica ou semi-mecanizada, quando é realizado um corte manual e trilha mecânica das plantas.
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REFERÊNCIAS
EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Instruções Técnicas da Embrapa Hortaliças nº14. Cultivo de Grão-de-bico.
MAPA – Registro Nacional de Cultivares.