As plantas que persistem no campo competindo com a cultura sucessora são chamadas tigueras e estão a cada ano que passa mais resistentes devido à modificação genética. No Brasil é comum o plantio sucessivo, isto é, depois da soja, planta-se o milho, o algodão ou o trigo, dessa forma os grãos que caem durante a colheita de uma cultura podem germinar durante o ciclo da cultura seguinte, causando problemas.
Após a emergência do algodão cultivado em segunda safra, por exemplo, é comum a ocorrência de plantas voluntárias de soja. Estas plantas podem emergir de sementes que foram debulhadas das vagens antes da colheita. A soja tem potencial para se tornar uma planta daninha de difícil controle no algodão em função das poucas opções de latifolicidas registradas para esta cultura.
O milho tiguera por sua vez também pode causar sério prejuízos. De acordo com pesquisadores, o poder de competição do milho é bastante elevado e pode causar redução de produtividade na soja. A partir de duas plantas por metro quadrado, o milho pode reduzir em até 50% a produtividade da soja.
O que torna ainda mais desafiador o controle de tigueras é que a grande maioria da soja e do milho plantado no Brasil são tecnologia RR, isto é, são resistentes a glifosato, principal herbicida para dessecação pré plantio.
Milho voluntuário na cultura da soja. Foto: Leandro Franzon
Mas então, o que fazer?
Passos para controle de tiguera
Realizar uma colheita eficiente, com o menor percentual possível de perdas de grãos;
Quando possível rotacionar as culturas na área e retomar o cultivo de soja, por exemplo, após três outros cultivos na mesma área;
Seguir o vazio sanitário estabelecido para região;
Priorizar o controle de milho tiguera quando ainda estiver em estádio V2 e V3;
O controle das tigueras deve ser na semeadura ou logo após a emergência da soja, quando as plantas do milho estão pequenas, o mesmo vale pra tiguera de soja no algodão;
No caso de soja tiguera a aplicação de amonio-glufosinate isolado e em associação com o pyrithiobac-sodium foi eficiente no controle das plantas de soja voluntária RR®, independentemente do estádio fenológico;
Pesquisadores constataram que o herbicida sulfentrazone é eficaz no controle do algodão voluntário, quando aplicado no dia da semeadura da soja nas doses de 150 e 200 g/ha.
Em geral as plantas tigueras ou voluntárias, além de indesejadas por causarem redução na produtividade, uma vez que competem com a planta cultivada por água, luz, nutrientes e CO2, ainda são fonte de inóculo inicial de vários patógenos, também podem servir de abrigo e alimento para muitos insetos pragas.
Portanto, o produtor deve estar sempre atento ao monitoramento a campo, para rápida identificação dos focos de tigueras no meio lavoura, além disso, é possível mapear as ocorrências históricas dentro da cada talhão. Em posse de dados consistentes, o produtor se torna capaz de prever, por exemplo, possíveis incidências de tigueras, e estabelecer critérios e estratégias de manejo para minimizar a incidência e os efeitos dessas invasoras.
Fonte foto capa: Embrapa
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