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Manejo inadequado na lavoura provoca resistência de pragas

Atualizado: 26 de jul. de 2023


Um dos grandes problemas das lavouras é a resistência das pragas aos defensivos químicos. O que causa isso é o manejo inadequado, o excesso de pulverizações têm contribuído muito para a resistência de pragas a herbicidas e para o ataque de lagartas a plantas Bt.


Durante a terceira edição do Circuito Tecnológico do Milho, esses problemas foram identificados em fazendas do Mato Grosso, o relatório do Circuito mostra que 44% dos produtores entrevistados no estado não fazem o MIP.


A situação é mais grave na região leste, onde 79% dos produtores não adotam as estratégias do manejo integrado de pragas. E é justamente no leste do estado que está o maior problema com pragas de difícil controle.


Naquela região, 30,8% dos produtores não alcançaram êxito no controle, mesmo fazendo sucessivas aplicações de inseticidas. Na média estadual, 20,2% dos entrevistados não conseguiram controlar as pragas das lavouras. A falta de rotação de moléculas, ou princípio ativo dos agroquímicos, é um dos responsáveis pela evolução de resistência dos insetos também a inseticidas.


Mesmo em lavouras com a presença do evento Bt, que confere à planta toxidez às lagartas, esses insetos estão causando danos à lavoura. Um provável motivo é o mau uso da tecnologia, sem respeito às áreas de refúgio recomendadas para evitar que as lagartas se adaptem às condições adversas da cultura transgênica.


O relatório aponta que 17,7% dos produtores assumem não plantar o refúgio, que são as áreas sem plantas geneticamente modificadas. Entre os que fazem o refúgio, a área média destinada é de 19,5% da lavoura, superior ao mínimo recomendado, que é de 10% da área para a cultura do milho.


Além disso, o pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril Rafael Pitta alerta para o fato de a não aplicação do manejo integrado de pragas (MIP) nas áreas de refúgio faz com que elas tenham pouca eficiência. Ele explica que o uso sem critérios do controle químico acaba matando os insetos suscetíveis, não possibilitando o cruzamento deles com os insetos resistentes. Com isso, surgem gerações somente de insetos resistentes que não serão afetados pelos agentes químicos.


Para acompanhar os problemas e tentar minimizá-los, além de ações de transferência de tecnologia voltadas para a importância de se fazer o MIP e de adotar as práticas corretas no uso das tecnologias transgênicas, os pesquisadores da Embrapa estão fazendo estudos em laboratório com lagartas coletadas nas lavouras durante o Circuito Tecnológico.


Os insetos são levados para os laboratórios da Embrapa Milho e Sorgo, em Sete Lagoas (MG), e da Embrapa Agrossilvipastoril, em Sinop (MT). Uma das pesquisas avalia o percentual de sobrevivência dessas lagartas em milho com as tecnologias Bt mais plantadas em Mato Grosso, a VT Pro, Herculex e Viptera.


De acordo com pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo Simone Mendes, no acompanhamento que vem sendo feito pelo terceiro ano seguido, ainda não foi encontrada resistência na tecnologia Viptera. Já a tecnologia Herculex apresenta alto percentual de insetos sobrevivendo em milho. A tecnologia VT Pro, por sua vez, apresenta baixo percentual de lagartas resistentes.


O resultado indica que os insetos resistentes já estão presentes na população, sendo necessário dobrar a atenção com estratégias de manejo de resistência como o refúgio e manejo integrado de pragas.


Circuito Tecnológico

O Circuito Tecnológico do Milho acontece anualmente na Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja) e conta com a participação da Embrapa e do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).


Ao longo de uma semana, cinco equipes percorrem dezenas de propriedades nas principais regiões produtoras do estado. Nas visitas, os participantes acompanham a situação das lavouras e fazem entrevistas com os produtores e consultores. Os dados coletados são compilados em um diagnóstico da produção de grãos.


Com base nisso, é possível identificar as questões que possuem soluções já conhecidas, mas que ainda não chegaram até o campo, e aquelas nas quais falta conhecimento científico e existe a necessidade de serem estudadas.


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Fonte: Grupo Cultivar


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