A pesquisadora da Embrapa Soja, Claudia Godoy, alerta para a necessidade de monitoramento da cultura da soja em estágios iniciais e avançados. Segundo ela, o monitoramento da ferrugem e a sua identificação nos estágios iniciais são essenciais para o controle eficiente.
A orientação da pesquisadora é para que se realize o monitoramento o mais abrangente possível, com maior atenção para as primeiras semeaduras e os locais com maior acúmulo de umidade. “Para o monitoramento, devem-se coletar folhas dos terços médio e inferior das plantas, observando as folhas contra a luz, procurando pontuações escuras”, explica. “No verso das folhas a presença de saliências semelhantes a pequenas feridas ou bolhas, confirma a ferrugem”.
Em caso de dúvida, Claudia explica que as folhas devem ser colocadas em saco plástico com um pouco de ar e o saco amarrado, fazendo um pequeno balão (câmara úmida); pode ser colocado um pedaço de papel ou algodão umedecido dentro desse saco e deixado fechado em local fresco, à temperatura ambiente, por 12 a 24 horas. “Durante esse período de incubação o fungo poderá produzir urédias e uredósporos, que ficarão acumulados na superfície dessas urédias, tornando-se mais visíveis”, afirma a pesquisadora.
Os produtores podem acompanhar e colaborar para os relatos de ocorrência da doença pelo site do Consórcio Antiferrugem. Também é possível acompanhar pelo o aplicativo do Consórcio que pode ser baixado para aparelhos IOs e Android. O relato de ocorrências pode ser realizado por laboratórios credenciados ou informados para a equipe do Consórcio Antiferrugem pelo email: cnpso.caf@embrapa.br
A Embrapa Soja tem um hotsite com informações detalhadas sobre a doença. CLIQUE AQUI PARA ACESSAR.
A ferrugem-asiática da soja, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, é considerada a doença mais severa da cultura, podendo causar perdas de até 80% de produtividade. “O fungo se dissemina pelo vento e pode incidir em qualquer estádio da cultura, porém é mais comum após o fechamento do dossel, em razão do acúmulo de umidade e da menor incidência de radiação solar nas folhas baixeiras, por onde a doença tende a começar”, diz.
Sua introdução trouxe consequências para o sistema produtivo da soja e seu controle é feito por meio da integração de medidas como a adoção do vazio sanitário (período de 60 a 90 dias sem soja na entressafra), com objetivo de reduzir o inóculo do fungo que só sobrevive em plantas vivas; semeaduras no início da época recomendada com cultivares precoces, para escapar da época de maior incidência do fungo; utilização de cultivares com genes de resistência e utilização de fungicidas.
Para Claudia o controle da doença tem sido ameaçado pela menor sensibilidade do fungo aos principais defensivos colocando em risco a sustentabilidade da cultura. Genes de resistência têm sido incorporados às cultivares, mas as opções ainda são restritas. “Existem 120 defensivos com registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para o controle da ferrugem, porém a eficiência deles vem sendo reduzida em razão da seleção de isolados do fungo menos sensíveis ou resistentes aos mesmos”, afirma Claudia.
A pesquisadora orienta os produtores que na escolha dos defensivos para o controle da ferrugem priorizem sempre a utilização de misturas prontas de diferentes modos de ação e a rotação de defensivos
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