A cultura da cana-de-açúcar possui extrema importância, principalmente na região Sudeste e, em áreas tradicionais no Nordeste. Além dessas regiões, as novas fronteiras nos estados de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul demonstram a expansão desse cultivo.
Como toda cultura comercial, a lavoura de cana-de-açúcar é acometida por uma série de problemas fitossanitários, com destaque para pragas, doenças e plantas invasoras. No entanto, a característica de ser uma cultura semi-perene traz ainda mais dificuldade ao manejo.
Para o monitoramento de pragas e doenças, podem ser utilizados tanto sinais diretos, ou seja, notar a presença do inseto ou do patógeno, quanto sinais indiretos, que são expressos pelos sintomas observados nas plantas. Dentro do grupo de insetos, as principais pragas da cana-de-açúcar são:
Broca-da-cana (Diatraea saccharalis)
Broca-gigante (Telchin licus)
Cigarrinhas (Mahanarva fimbriolata e Mahanarva posticata)
Bicudo-da-cana (Sphenophorus levis)
Besouro Migdolus (Migdilus fryanus)
Formigas
Cupins
O monitoramento das pragas pode ser feito de diversas formas:
Com uso de armadilhas com atrativos, como o feromônio sintético, como no caso de Migdolus fryanus, ou armadilhas com fêmeas virgens, como no caso de Diatraea saccharalis.
Baseado em sinais de infestação, como a presença de “espuma” na base das touceiras, indicativo da presença de ninfas da cigarrinha-da-raíz, Mahanarva fimbriolata.
Por meio da observação através da construção de trincheiras no caso de pragas subterrâneas, como os besouros.
As principais doenças da cana-de-açúcar são causadas por fungos, bactérias e vírus. Confira na sequência as espécies mais comuns:
Carvão da cana, fungo Ustilago scitaminea
Ferrugem marrom, fungo Puccinia melanocephala
Ferrugem alaranjada, fungo Puccinia kuehnii
Podridão vermelha, fungos Glomerella tucumanensis, Colletotrichum falcatum e Fusarium verticillioides
Podridão abacaxi, fungo Ceratocystis paradoxa
Escaldadura das folhas, bactéria Xanthomonas albilineans
Estria vermelha, bactéria Acidovorax avenae subsp. avenae
Raquistismo, bactéria Leifsonia xyli subsp. xyli
Mosaico, vírus Sugarcane Mosaic Virus (SCMV)
O monitoramento das doenças em cana-de-açúcar deve ser iniciado nos viveiros, uma vez que grande parte desses patógenos é disseminado via material propagativo infectado. Já nos canaviais em desenvolvimento, o monitoramento deve ser baseado na observação dos sintomas de cada uma dessas doenças. Para se obter maior acerto nas avaliações, é recomendável que a propriedade possua registros históricos das doenças e, que os amostradores conheçam as condições climáticas ideais para o desenvolvimento de cada um desses patógenos.
Dentre as espécies de plantas invasoras mais comuns nos canaviais, podemos dividir em dois grupos: um composto pela família das gramíneas e, outro composto pelas espécies das demais famílias.
As principais espécies da família das gramíneas são:
Capim-colonião, Panicum maximum
Capim-braquiária, Brachiaria decumbens
Capim-marmelada, Brachiaria plantaginea
Tiririca, Cyperus rotundus
Grama-seda, Cynodon dactylon
Já, as espécies de famílias distintas das gramíneas com maior destaque nos canaviais são:
Mamona, Ricinus communis, família Euphorbiaceae
Fedegoso ou mata-pasto, Senna obtusifolia, família Fabaceae
Corda-de-viola, Ipomoea spp. e Merremia spp., família Convolvulaceaea
Mucuna-preta, Mucuna aterrima, família Fabaceae
No manejo de pré-emergência das plantas-daninhas, para o registro das espécies presentes e planejamento das ações, alguns produtores deixam uma pequena área de um talhão representativo, geralmente 100 m2, sem controle das plantas invasoras. Posteriormente, é feita uma análise para se conhecer a diversidade de espécie encontradas e concentrar as estratégias de controle nas 4 a 5 espécies mais abundantes, desde que essas ocupem, ao menos, 90% da área infestada.
Por fim, o monitoramento de plantas daninhas também deve ser baseado na observação visual da presença dessas plantas. Pela facilidade de movimentação, geralmente as observações se baseiam na presença de plantas invasoras no início das linhas de cultivo, próximo aos carreadores. Porém, é de extrema importância que na sequência, o amostrador caminhe nas entrelinhas no interior do talhão, registrando as espécies encontradas e a área ocupada por cada uma delas.
Dessa forma, é possível concluir que um bom monitoramento passa pela correta identificação de quem está causando o estresse na planta. Para tanto, as equipes de monitoramento devem passar por constantes treinamentos e atualizações para reconhecer as características específicas de cada espécie de insetos, patógenos e daninhas. Lembre-se sempre que o manejo eficaz depende do monitoramento correto da lavoura! Se quiser saber mais detalhes sobre o monitoramento fitossanitário em cana-de-açúcar, acesse nosso e-book com conteúdo exclusivo, clicando aqui ou no botão abaixo.
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