Os percevejos são considerados como a praga de maior risco para a cultura, responsáveis pela redução no rendimento e na qualidade da semente da soja, tanto pela picada como pela transmissão de fungos, como o Nematospora coryli, que pode resultar em sérias necroses, perda de germinação e menos vigor. Grãos atacados por percevejos ficam menores, enrugados, chochos e mais escuros.
Plantas hospedeiras próximas da lavoura e os cultivos da entressafra favorecem a sobrevivência e a permanência dos percevejos, além de influenciar na quantidade de percevejos colonizantes no início do ciclo da soja. A correta identificação dos percevejos é fundamental para determinar os níveis de infestação e assim definir a época e a prática mais adequada para o controle. Saiba mais sobre as três principais pragas deste tipo (percevejo-verde, percevejo-verde-pequeno e percevejo marrom):
PERCEVEJO-VERDE (fede-fede)
Nome científico: Nezara viridula
O inseto adulto é conhecido como fede-fede devido ao odor que exala quando ameaçado. Tem o corpo verde e tamanho de 12mm a 15mm com duas antenas. A ninfa do percevejo-verde é verde ou preta, com manchas circulares brancas e pequenos pontos pretos distribuídos pelo corpo.
Ciclo biológico: 40 dias do ovo à fase adulta Reprodução: os ovos são amarelados e depositados nas folhas, preferencialmente na parte inferior, em massas regulares com formato hexagonal, contendo de 50 a 100 ovos. Ao eclodirem, as ninfas permanecem sobre os ovos.
Partes afetadas: vagens, grãos e folhas
Fase em que ocorre o ataque: a partir da fase de formação das vagens até o final do desenvolvimento das sementes
Danos: Em comparação com outros percevejos comuns da cultura da soja, o percevejo-verde tem maior potencial de dano. Isso porque ele tem alta capacidade de provocar danos às vagens e aos grãos. Em função disso, ocorre a retenção das folhas da planta.
Dicas para o controle da praga: A presença destes insetos deve ser monitorada constantemente. O controle químico é uma das principais opções para reduzir ou evitar os danos causados pelos percevejos. A correta identificação da espécie infestante e o manejo integrado são essenciais.
PERCEVEJO-VERDE-PEQUENO (verdinho)
Nome científico: Piezodorus guildinü
O percevejo-verde-pequeno pode ser encontrado em todas as regiões produtoras de soja no Brasil e países vizinhos. O inseto adulto é verde-amarelado, tem uma listra marrom transversal na parte dorsal do tórax próximo à cabeça (que é uma característica da espécie) e mede 10mm. No início, as ninfas têm coloração do preto ao avermelhado, esverdeando aos poucos.
Ciclo biológico: 28 dias dos ovos à fase adulta Reprodução: as fêmeas depositam os seus ovos escuros nos dois lados das folhas, nas vagens, no caule e nos ramos, em fileiras pares com 10 a 20 ovos por postura.
Partes afetadas: vagens, grãos e folhas
Fases em que ocorre o ataque: embora a presença destes percevejos possa ser percebida em qualquer fase, eles se tornam problema no desenvolvimento das vagens e no enchimento dos grãos.
Danos: Adultos e ninfas alimentam-se das vagens e dos grãos, causando retenção foliar. Isso também provoca a perda de rendimento da produção e afeta a qualidade da semente. Ao atacar a soja, o percevejo pode, ainda, transmitir doenças.
Dicas para o controle da praga: O cuidado com a lavoura é indispensável para controlar a presença do inseto. No Brasil, a pulverização de produtos químicos é uma das principais opções para diminuir os danos causados pelo percevejo-verde-pequeno. A correta identificação de estágio da infestação a partir do monitoramento também é indispensável.
PERCEVEJO-MARROM
Nome científico: Euschistus heros
Encontrado, principalmente, nas regiões Sul, Centro-Oeste e Norte do País, o percevejo-marrom é uma das pragas mais abundantes nas lavouras de soja. O adulto mede 13mm, tem cor marrom-escura e mostra dois prolongamentos laterais em forma de espinhos próximos à cabeça. Exibe uma mancha branca em forma de meia-lua acima da parte membranosa das asas.
As ninfas recém-eclodidas medem 1mm, têm o corpo alaranjado, cabeça preta e passam por cinco estágios de desenvolvimento até se transformarem em adultos. Ninfas maiores exibem cores que vão do cinza ao marrom.
Ciclo biológico: 31 dias dos ovos à fase adulta Reprodução: os ovos, de cor amarelada e com uma mancha rósea quando se aproxima a eclosão, são depositados, geralmente, nas folhas, em pequenas massas com 5 a 7 ovos.
Partes afetadas: folhas, vagens, grãos e haste
Fase em que ocorre o ataque: a partir da fase de formação das vagens até o final do desenvolvimento
Danos: Os adultos e as ninfas alimentam-se das vagens e dos grãos, causando a retenção foliar. A perda de rendimento e de qualidade da semente também são características do ataque do percevejo-marrom. Esta espécie provoca menos sintomas de retenção foliar, em comparação com o percevejo-verde e o percevejo-verde-pequeno.
Dicas para o controle da praga: O monitoramento cuidadoso da cultura é fundamental para detectar a presença e o nível de ação da praga para, então, dar início ao seu controle. O manejo integrado é outra opção. Um aspecto importante a se considerar antes de adotar medidas de controle é a ocorrência de populações resistentes a inseticidas no País.