Saiba mais sobre as principais pragas que atacam o algodoeiro, especialmente na fase reprodutiva.
SPODOPTERAS
Sob o nome Spodoptera spp. estão três pragas importantes de plantas cultivadas: S. frugiperda, S. eridania e S. comioides. Ao se alimentarem, elas causam danos a órgãos das plantas, podendo acarretar prejuízos significativos ao produtor. Insetos polífagos como os do gênero Spodoptera têm alimento à disposição em sistemas agrícolas constituídos de algodão, milho, soja, feijão e arroz, já que as mariposas migram entre as lavouras de espécies vegetais semelhantes mas plantadas em épocas diferentes, assim como entre espécies vegetais diversas.
A existência das três pragas pode ser notada ao se perceber sinais de raspagem nas estruturas de frutificação e também ao se avistarem as lagartas – que têm uma certa preferência por ficar dentro das flores, entre as pétalas, comendo anteras e estigmas. Adultas, as lagartas podem chegar a 40mm de comprimento e em seguida vão para o solo, onde passam pela fase de pupa até surgirem adultas.
A seguir, veja um pouco mais sobre cada uma dessas pragas.
LAGARTA-DO-CARTUCHO
Nome científico: Spodoptera frugiperda
A lagarta-do-cartucho é considerada uma das principais pragas da cultura do algodão. Os danos resultantes da ação desta praga se intensificaram nos últimos anos devido à resistência aos inseticidas e ao uso indiscriminado desses produtos, que eliminam os predadores naturais. Outra causa do insucesso na eliminação da praga é o início tardio do combate, pois a planta já se encontra em estágio de crescimento avançado.
A lagarta está presente em todas as regiões produtoras, podendo atacar também outras culturas como soja e arroz. As perdas causadas pela lagarta-do-cartucho resultam em até 60% da produção, com prejuízos econômicos anuais estimados de US$ 400 milhões.
Os ovos têm coloração verde-clara, tornando-se alaranjados com o tempo. As larvas, inicialmente, são claras, passando para pardo-escuro a esverdeadas até quase pretas. O formato de Y na região frontal de cabeça é característico da praga.
Ciclo biológico: os ovos duram de dois a três dias. A fêmea pode pôr de 100 a 200 ovos por vez, em camadas sobrepostas. Durante a vida, uma única fêmea pode colocar de 1,5 mil a 2 mil ovos.
Já a mudança para larva ocorre em um período de 12 a 30 dias, dependendo da temperatura. As larvas iniciam a sua alimentação pela casca dos ovos, passando, para as folhas novas das plantas. Nesta fase, a larva pode atingir mais de 2,5cm de comprimento.Geralmente, encontram-se poucas lagartas de uma mesma idade por planta devido ao canibalismo praticado por elas.
A transformação em pupa é feita no solo, com duração de 10 a 12 dias, chegando a medir 15mm de comprimento. A partir daí, o inseto emerge do solo em sua fase adulta, com 35mm de envergadura, em média. As asas têm pontos claros na região central. A fase adulta perdura por 12 dias.
Partes afetadas: caule, folhas, botões florais, flores e maçãs.
Fases em que ocorre o ataque: torna-se mais grave no período de 40 a 60 dias após o plantio.
Danos: as larvas provocam a raspagem das folhas, podendo haver perfurações em formatos variados causadas pelas larvas mais desenvolvidas. Em situações de grande infestação, há ataques ao colmo, ocasionando, assim, a queda da planta, ou o chamado “coração morto”.
Dicas para eliminar a praga: Após fazer o monitoramento preciso para ter informações como o nível de infestação e o estágio de crescimentos dos insetos, é recomendado o uso de herbicidas para eliminar qualquer planta próxima que possa abrigar a lagarta-do-cartucho. A completa retirada dos restos culturais ao término da colheita e em períodos de seca também é eficaz. Outra alternativa é a alternação de cultura com plantas que não sejam alvo da praga.
LAGARTA DAS VAGENS
Nome científico: Spodoptera eridania
Quando eclodem, as lagartas são verdes e têm a cabeça preta. Quando desenvolvidas, apresentam três listras longitudinais amareladas, uma dorsal e duas laterais.
Ciclo biológico: os ovos são colocados em forma de massa, sob as folhas existentes na base do ponteiro
Partes afetadas: semente, folhas, flores e frutos Fases em que ocorre o ataque: a partir da emissão dos botões florais e durante o florescimento.
Danos: as lagartas se alimentam principalmente de folhas e brácteas, raspam a casca das maçãs e podem causar danos aos botões florais.
Dicas para eliminar a praga: após fazer o monitoramento preciso para ter informações como o nível de infestação e o estágio de crescimentos dos insetos, é recomendado o uso de herbicidas para eliminar qualquer planta próxima que possa abrigar a lagarta-do-cartucho. A completa retirada dos restos culturais ao término da colheita e em períodos de seca também é eficaz. Outra alternativa é a alternação de cultura com plantas que não sejam alvo da praga.
LAGARTA PRETA ou LAGARTA MARROM
Nome científico: Spodoptera eridania
Adultos: medem, aproximadamente, 40 mm de envergadura. As fêmeas possuem coloração parda com desenhos brancos nas asas anteriores e as asas posteriores são brancas. Os machos tem as asas anteriores amareladas com desenhos escuros. O padrão de asas do inseto é considerado fator de diferenciação sexual entre machos e fêmeas.
Ciclo biológico: os ovos são esverdeados e claros, postos em camadas e recobertos por escamas e pelos para proteção. As larvas, no início, têm o corpo marrom, cabeça preta e três listras longitudinais cor de laranja. À medida que crescem elas vão ficando pardas. As pupas são castanhas, têm entre 15 e 30mm de comprimento e 5 mm de largura.
Partes afetadas: semente, folhas, flores, frutos
Fases em que ocorre o ataque: a partir da fase inicial da emissão de botões florais e durante o florescimento
Dicas para eliminar a praga: Após um monitoramento cuidadoso para ter informações precisas sobre o nível de infestação e o estágio de crescimento dos insetos, recomenda-se o uso de herbicidas para eliminar qualquer planta próxima que possa abrigar a lagarta. A completa retirada dos restos culturais ao término da colheita e em períodos de seca também é eficaz. Outra alternativa é a alternação de cultura com plantas que não sejam alvo da praga.
LAGARTA DAS MAÇÃS
Nome científico: Heliothis virescens
A mariposa adulta chega a 18mm de comprimento e cerca de 35mm de envergadura. As asas anteriores, castanhas, têm uma mancha escura no centro e uma franja na ponta. As asas posteriores são claras e com uma franja escura. De hábitos noturnos, movem-se a partir do entardecer. As fêmeas colocam os ovos nas folhas novas, brotações e ponteiros das plantas.
Ciclo biológico: 33 dias dos ovos à fase adulta
Reprodução: 600 ovos é o que uma fêmea adulta pode colocar.
Partes afetadas: ponteiro, folhas, botões florais e maçãs.
Fase em que ocorre o ataque: dos botões florais até o desabrochar.
Danos: as lagartas que eclodem passam a comer partes do ponteiro, folhas e botões florais. Por fim, atacam as maçãs. Os buracos favorecem o surgimento de microrganismos que causam seu apodrecimento. Uma única lagarta pode destruir seis botões florais e uma maçã.
Dicas para o controle da praga: é preciso ficar atento ao aparecimento desta praga e monitorar a lavoura constantemente. A partir dos dados obtidos com o monitoramento, o mais indicado é investir no Manejo Integrado de Pragas (MIP). Para evitar a resistência da praga aos defensivos, usam-se parasitoides, como Trichogramma spp. e Braconídeos, seus predadores naturais.
BICUDO-DO-ALGODOEIRO
Nome científico: Anthonomus grandis
O bicudo-do-algodoeiro, conhecido pelos produtores como o “câncer da cotonicultura”, é a praga de maior ocorrência e que causa mais danos às culturas de algodão. Sua capacidade de destruição é de 70% da lavoura em uma única safra. Esta taxa de dano se dá em função da grande habilidade reprodutiva, da destruição que causa à plantação e ao produto final destinado ao comércio e, também, pela dificuldade de controle. É responsável por mais de 50% dos gastos em inseticidas nas produções do Centro-Oeste do País.
Para controlar a sua ação, agricultores chegam a gastar US$ 100 a US$ 150 a mais por hectare. O bicudo-do-algodoeiro apresenta coloração castanha quando jovem e cinza quando atinge a fase adulta. O nome se dá pelo alongamento da cabeça, o que forma uma espécie de bico (rostro), as mandíbulas afiadas são responsáveis pela perfuração do botão floral. Essa é uma característica marcante da praga. O par de antenas apresenta forma de V.
Ciclo biológico: os ovos têm coloração esbranquiçada e medem 0,8mm de comprimento, em média. A forma pode variar. A saída das larvas ocorre de três a quatro dias após a postura. As larvas são brancas, com a cabeça em tons pardos, apresentando de cinco a sete milímetros de comprimento, e surgem dentro dos botões florais.
As larvas alimentam-se do interior dos botões por um período de sete a 12 dias e transformam-se em pupas em seguida. As pupas são de cor branca a creme e é possível ver parte do corpo adulto, como o rostro, pernas e asas. Esta fase dura de três a cinco dias.
Os adultos, cinzas ou castanhos, medem em média sete milímetros de comprimento (o tamanho pode variar de acordo com a quantidade de alimento disponível na fase de pupa) e são cobertos por pelos pequenos e dourados. Têm dois espinhos no fêmur, peculiaridade importante para identificação. Esta fase pode durar de 20 a 40 dias, sendo que as fêmeas têm longevidade de 20 a 30 dias, em média.
As fêmeas põem dois ovos por dia no interior dos botões florais. Isto acontece como forma de protegê-los de predadores e de qualquer dano causado pela ação do clima. O bicudo-do-algodoeiro pode apresentar de três a sete gerações durante uma mesma safra.
Partes afetadas: botões florais
Fases em que ocorre o ataque: floração
Danos: o ataque acontece nos botões florais, com perfurações que ocasionam a sua destruição completa. Amarelecimento e queda dos botões também são características da ação da praga. Na ausência de estruturas de frutificação, os adultos se alimentam de folhas cotiledonares, pecíolos das folhas e pontas das hastes. Caso o ataque não seja impedido desde o início, o campo fica infestado pela praga e os efeitos são irreversíveis. O controle do bicudo tem que ser feito na entressafra.
Dicas para controle da praga: um monitoramento preciso é capaz de registrar a presença do bicudo-do-algodoeiro na lavoura, determinando se será necessário investir no controle da praga. É válido usar defensivos em conjunto com o controle biológico, atentando para o fato de que o controle químico é para a fase larval e de pupa. Para evitar gastos desnecessários, a precisão do controle é indispensável.