A qualidade da fibra do algodoeiro é uma característica de extrema importância para a comercialização do produto. Os manejos e práticas adotados, assim como os processos de planejamento da safra influenciam diretamente na produção. O Brasil se encontra no período de colheita do algodão, e boas práticas são fundamentais. A qualidade da fibra define o valor de ingresso comercial, sendo assim, elemento-chave na rentabilidade dos cultivos. Por isso, separamos as principais práticas para manter a qualidade da fibra do algodão, a fim de auxiliar na colheita, mas também no planejamento da próxima safra.
Características de uma fibra de qualidade
É determinada por um conjunto de características relacionadas a qualidade dos produtos gerados por ela na indústria têxtil, principalmente relacionadas ao fio. O custo da fibra pode representar entre 40% a 60% do custo do fio, por isso a indústria é bastante rigorosa na escolha da matéria-prima. As características principais estão associadas à fiação, com parâmetros como comprimento (comprimento comercial, uniformidade e fibras curtas); resistência; o índice micronaire (formado por componentes de finura e maturidade); cor (com brilho ou amarelo); regularidade da massa de fibra (preparação); teor de neps (presença de nó de fibra imatura e fragmento de casca de caroços); e presença ou não de restos culturais.
O algodão em pluma é classificado quanto ao tipo e comprimento das fibras, e as avaliações são efetuadas por equipamentos que verificam as características físicas da fibra, que são realizadas através de instrumentos de precisão e de alta capacidade analítica, conhecido como equipamentos de High Volume Instruments (HVI), no qual são retirados os dados para classificação comercial.
O algodão é classificado de acordo com códigos compostos de dois dígitos, que corresponderão às impurezas e à cor, presentes na amostra do algodão. São dezessete padrões físicos universais: 11* 21* 31* 41* 51* 61* 71* 81* 13* 23* 33* 43* 53* 63* 34* 44* 54*. Por exemplo, o padrão 81* é considerado de baixo padrão e não consegue ser exportado, já os que apresentam características como 11* (algodão branco tipo 1) tem alto valor agregado no mercado interno e externo.
De forma geral, a qualidade da fibra brasileira apresenta boas características industriais. No entanto, a presença de contaminantes como folhas, fragmentos de casca, fibras de madeira reduzem a qualidade do produto, o que deixa um ponto de alerta para o produtor. O conjunto de procedimentos adotados na colheita e nos descaroçadores pode aumentar a remuneração do algodão brasileiro. O lucro do produtor é influenciado diretamente pelas práticas de produção adotadas, que envolvem a escolha da variedade, qualidade das sementes, nutrição, proteção da cultura, preparação para a colheita e a colheita, além de seu armazenamento.
Qualidade genética e condições ambientais
São dois fatores fundamentais para obtenção de uma fibra de qualidade. A qualidade genética vai determinar as características da fibra como comprimento, finura, uniformidade e resistência. A escolha da variedade é uma decisão de cada produtor, que será definida de acordo com sua propriedade. Geralmente a produtividade é o primeiro critério de escolha, porém outras características da variedade como resistência às doenças e nematóides são muito importantes na produção da fibra. Todo o ano, são lançadas novas variedades para os produtores, diversos tipos de resultado são disponibilizados para que eles possam fazer a melhor escolha para sua área.
Já as condições ambientais da área como solo, clima, tipo de colheita, armazenamento atuam em conjunto com as características da variedade escolhida. Por exemplo, o comprimento da fibra é afetado diretamente pela qualidade do solo. Se ocorrer seca no período da floração, o comprimento tende a ser mais baixo. A adubação é fator fundamental, pois permite que os nutrientes auxiliem na melhor produtividade. A baixa luminosidade e baixas temperaturas durante a formação da fibra afetam diretamente o comprimento e uniformidade.
Colher sem perder qualidade
Atualmente a colheita mecânica é a mais realizada entre os produtores por ser mais eficiente e rápida. No entanto, alguns cuidados são fundamentais para manter a fibra com qualidade. Além dos cuidados fundamentais para uma colheita eficiente, outros manejos devem ser realizados a fim de manter a qualidade da fibra: aplicação de desfolhante, antes do início da colheita, para não deixar restos vegetais na fibra; realizar a colheita em dias secos; colher os capulhos estiverem abertos, essa características é obtida através da uniformidade da produção e está relacionada a escolha da variedade; para transporte não usar sacos de polipropileno pois danificam a fibra e reduzem a qualidade; e transportar rapidamente para a usina de beneficiamento. Leia mais sobre os cuidados da colheita aqui!
Já colheita manual, realizada principalmente pela agricultores familiares, permite um detalhamento maior da fibra que está sendo colhida, com baixo risco de contaminação. No entanto é mais onerosa e envolve maiores custos com mão-de-obra.
O futuro da fibra
A adoção de tecnologias pelo setor brasileiro, associadas a planejamento de safra, controle de pragas e doenças, novas variedades, dentre outros, apontam para uma crescente melhora da qualidade da fibra e da confiança pelos compradores nacionais e internacionais.
É fundamental que os produtores estejam adequados para as novas tecnologias do setor, tanto dentro da porteira como fora da porteira ligados principalmente ao processamento. Assim, é possível produzir fibras que estejam adequadas em qualidade e característica para as demandas do mercado consumidor. Atualmente, cada fardo produzido no país passa por um rigoroso processo de análise e classificação e cresce a demanda por certificação do produto, o que vai agregar muito valor.
O processo de certificação ocorre pela ABR (Algodão Brasileiro Responsável), onde o produtor realiza a adesão, recebe visita da equipe técnica de seu estado para realização do diagnóstico da propriedade, realiza as correções indicada pelos técnicos, passa por auditoria e se a produção estiver na conformidade recebe a certificação.
Segundo dados da ABRAPA, atualmente 78% da fibra nacional já tem alguma certificação e 30% do algodão certificado do mundo é produzido no Brasil. Ou seja, a qualidade da fibra é fator determinante para bons rendimentos no mercado. Ficar atento aos melhores manejos, realizar um bom planejamento e uma colheita eficiente é essencial para obter uma safra de sucesso.
Leia mais: