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Quem é a “nova” falsa-medideira encontrada nas lavouras de soja do Cerrado?

Atualizado: 21 de jul. de 2023

Produtores de soja da região Centro-Oeste têm relatado a presença de uma “nova” espécie de falsa-medideira, mas o que você precisa saber sobre ela?

A espécie Rachiplusia nu não tem nada de nova, mas passou a ser observada em maiores níveis populacionais na última safra em diversas regiões produtoras de soja. Trata-se de uma espécie muito próxima à lagarta Chrysodeixis includens, que também é conhecida como falsa-medideira, mas é muito mais abundante nas lavouras de soja do Brasil. Ambas pertencem à família Noctuidae, assim como diversas outras espécies de lagartas de grande importância agronômica.


O fato novo no cenário agrícola da última safra é o número maior de indivíduos de Rachiplusia nu que foram encontrados nas lavouras do Cerrado, uma vez que essa espécie sempre foi mais abundante na região Sul do Brasil, além dos países vizinhos, como Argentina e Paraguai.


As duas espécies são caracterizadas por listras claras ao longo do corpo, coloração esverdeada (que pode variar em tonalidade de acordo com as condições ambientais e alimentação) e, por apresentarem três pares de falsas pernas abdominais, que são os dois pares de projeções na região mais próxima ao final do corpo e também mais um par presente na extremidade final do corpo da lagarta. É a presença desses dois pares de falsas pernas abdominais que faz com que as lagartas se movimentem projetando a região anterior do seu corpo para frente, como se estivessem medindo um palmo, dando origem ao nome “falsas-medideiras”.

Lagarta de Rachiplusia nu
Chrysodeixis includens

Figura 1. A) Lagarta de Rachiplusia nu. Fonte: T. C. Macrae (https://beetlesinthebush.com/2011/11/13/sunflower-looper-rachiplusia-nu/); B) Lagarta de Chrysodeixis includens. Fonte: Dirceu Gassen

E, o que fazer para diferenciar as duas espécies? Essa tarefa não é muito simples, pois as duas espécies apresentam lagartas de aspecto muito semelhantes, tanto na biologia (desenvolvimento), quanto na morfologia (aparência). Algumas pequenas diferenças são observadas na parte interna das mandíbulas e, pela presença de alguns pequenos espinhos na região dorsal do tórax da Rachiplusia nu, ou seja, na parte de cima das lagartas, pouco após a cabeça.


Apesar de serem notadas algumas diferenças quanto à coloração das lagartas de cada espécie nos instares finais e na coloração das pernas torácicas, basear a identificação da espécie exclusivamente na cor de determinadas regiões pode levar a erros.

Os adultos também se assemelham muito em comportamento e morfologia. As fêmeas das duas espécies têm o hábito de colocar seus ovos de forma isolada, sendo eles esféricos, achatados e claros. Quanto à aparência dos adultos, um pequeno detalhe pode ajudar no momento da identificação, as manchas na região central do primeiro par de asas, que são típicas das duas espécies, são mais brilhantes em mariposas de Chrysodeixis includens e, mais opacas em Rachiplusia nu.

Adulto de Rachiplusia nu

Os sintomas do ataque na lavoura são os mesmos para as duas espécies, que se alimentam exclusivamente do parênquima, deixando as nervuras, o que causa uma aparência de rendilhada nas folhas atacadas. Ainda, segundo alguns relatos, o potencial de dano de Rachiplusia nu pode ser ainda maior, por ser uma lagarta que se alimenta mais do que Chrysodeixis includens.

As táticas de manejo para as duas espécies são as mesmas, sendo baseadas, principalmente, no uso de variedades geneticamente modificadas e controle químico. No entanto, um estudo publicado recentemente deixou os produtores ainda mais preocupados. No final de 2021, pesquisadores reportaram a sobrevivência de lagartas de Rachiplusia nu em soja Bt, com gene Cry1Ac. As lagartas testadas foram coletadas nos estados do Paraná, São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso e, submetidas a testes moleculares que comprovaram ser de fato a espécie Rachiplusia nu (Nardon et al., 2021).


Dessa forma, fica o alerta sobre o potencial de dano de mais uma espécie de praga nas lavouras de soja do Cerrado, que, no entanto, já era conhecida na região Sul do Brasil. Fato esse que pode contribuir para o manejo dessa espécie no Cerrado, considerando o conhecimento já estabelecido sobre o controle dessa lagarta. Por fim, lembre-se sempre que a identificação do problema na lavoura é o primeiro passo para o acerto na tomada de decisão e o sucesso no manejo!

 
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