Por: Dan Frieberg
Quando os produtores e pesquisadores falam sobre a transição para “decisões baseadas em dados”, existem muitos pressupostos implícitos que não são declarados diretamente. Primeiro, há a crítica sutil de que muitas decisões que fazemos na agricultura não são baseadas em dados – caso contrário, não estaríamos em transição, e o capital de risco e outros grupos externos não se refeririam a decisões direcionadas a dados como “perturbadoras”.
Se não utilizamos análise de dados para conduzir decisões, o que estamos usando? Eu acredito que antes disso, usamos o poder da observação.
Através das nossas experiências em grupo, fazemos observações sobre o que funciona e o que não funciona. À medida que vamos produzindo safras, as observações visuais são uma parte importante de como tomamos decisões.
Observamos danos causados por insetos, por ervas daninhas, plantas murchas ou descoloridas, estrutura do solo e mais, e essas observações se tornam parte de como tomamos decisões futuras.
Os mapas criados por monitores através de amostragem foram uma adição ao poder da observação visual. O poder real está nos dados. À medida que as fazendas foram se expandindo, muitas vezes o tomador de decisão não está presente em todos os locais da fazenda ao mesmo tempo, de modo que o poder anterior baseado na observação real agora muda para outras fontes.
A segunda fonte dominante de tomada de decisão tem sido parcelas ou resultados de um experimento conduzido em algum outro lugar.
Ensaios de pesquisa, lotes de variedades ou ensaios de empresas fizeram parte da tomada de decisão no passado recente e, na maioria dos casos ainda fazem. As informações e experiências de outros produtores e pesquisadores ainda possuem peso decisivo.
Usar dados de suas lavouras é uma progressão natural e bem-vinda para tomar melhores decisões. Mas não é sem conflito. Esse conflito poderá ocorrer quando a análise de dados não corresponder à sua observação.
A variedade que parecia tão boa, na prática não corresponde ao que parecia. Uma das observações que tem sido estabelecida por muitos produtores é a taxa de nitrogênio. Todo mundo observou o milho amarelecido associado a pouco nitrogênio no solo e houve uma inferência mental quase subconsciente de que quanto mais verde escura for a planta, maior será o rendimento.
Alguns produtores, não poderiam aceitar a redução do nitrogênio no solo, o que os levou a aplicar maiores taxas de nitrogênio.
Os dados reais de produtores e especificamente os ensaios replicados de taxa de nitrogênio estão provando que mais não é melhor. Através de maiores taxas de nitrogênio, podemos tornar a planta mais verde escura, mas isso não significa especificamente que aumentamos os rendimentos.
A parte mais difícil da transição para decisões orientadas por dados não é quando os dados suportam o que você já acredita ser verdade.
A parte difícil é quando a análise de dados desafia o que pensamos e o que já conhecemos. A transição da tomada de decisão baseada em dados exigirá que mudemos nosso pensamento enraizado e que desejemos perceber que nosso problema pode não ser a ignorância, mas sim a ilusão de conhecimento.
Fonte: Traduzido e adaptado de Corn and Soybean digest
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